Autor: Ankier Cila
O comportamento humano de hoje sofre grande influência dos fatos ocorridos no passado e do tempo percorrido para as transformações se completarem e causarem seus efeitos nas diversas gerações. Diferentemente dos animais irracionais, a vida sexual do animal humano tem sofrido mudanças que percorrem a escala que vai da liberdade à repressão total e que são influenciadas pelos interesses políticos, religiosos e sociais no decorrer do espaço e tempo da existência humana (Foucault 1980, Masters et al 1988, Rosenzvaig 1991). O final da II Guerra Mundial, em 1945, pode ser considerado um marco para o início das transformações da vida sexual de homens e mulheres, cujos efeitos se repercutem e são sentidos até hoje e, talvez, no futuro. No início dos anos 40, ainda predominavam os costumes da chamada era vitoriana – repressão sexual, principalmente das mulheres. Elas eram educadas para expressar modéstia, pureza e inocência. Deveriam chegar virgens ao casamento, ser submissas ao marido e o sexo, praticado apenas para a procriação, sem direito ao prazer. Aos homens, cabia demonstrar sua virilidade e desempenhar o papel de provedor do lar - com isso, ganhando o direito de mandar na mulher e nos filhos e todos os poderes masculinos (Foucault 1980, Masters et al 1988). Em nenhuma circunstância, os sentimentos tanto de homens quanto de mulheres eram levados em consideração. No pós-guerra, com grande contingente de homens mortos nos campos de batalha e os poucos sobreviventes inválidos, coube às mulheres sair de suas casas e partir para a reconstrução financeira e imobiliária (Rosenzaig 1991). Para entrar no mundo masculino, a mulher precisou se transvestir na aparência, indumentária e comportamento. Nessa época, no ambiente de trabalho, ela usava cabelos curtos ou presos, maquiagem discretíssima, um conjunto de saia e paletó, o “tailleur” - palavra francesa que significa alfaiate (Burtin-Vinholes 1964, Rey-Debove 1999). Mais tarde, passou também a adotar a calça comprida, traje que entre nós ficou conhecido como “terninho”. Além da aparência, seu comportamento também passou a ser tão agressivo e competitivo quanto os homens.
2007-08-07 | 749 visitas | Evalua este artículo 0 valoraciones
Vol. 1 Núm.1. Julio-Septiembre 2004 Pags. 28-31 AHE 2004; I(1)